Batman, O Retorno chegou inicialmente às telonas, em 16 de junho de 1992 nos EUA e 3 de julho da mesma temporada no Brasil.
Após o grande sucesso de Batman (1989), Tim Burton ganhou carta branca da Warner para a continuação, que apresentou dois novos vilões à saga cinematográfica estrelada por Michael Keaton como o Cavaleiro das Trevas: a Mulher-Gato, em encarnação memorável de Michelle Pfeiffer, e o Pinguim, em ótima caracterização de Danny DeVito (e maquiagem indicada ao Oscar) visivelmente inspirada no clássico expressionista O Gabinete do Doutor Caligari (1920), de Robert Wiene.

Burton apresentou uma Gotham de visual ainda mais arrebatador e, graças ao sucesso comercial do anterior e ao êxito de Edward Mãos de Tesoura (1990), teve controle criativo sobre a obra concebendo uma história até mais divertida e menos irregular que a anterior, deixando Batman mais tempo em cena e com momentos marcantes. Contou novamente com a parceria de Danny Elfman e sua magnífica trilha sonora.
Do Expressionismo Alemão também há as personificações errantes, grotescas e deslocadas: o Pinguim foi rejeitado pelos pais em seu nascimento; a Mulher-Gato é carente e menosprezada pelo chefe. Não são necessariamente vilões. Entendemos suas motivações e conflitos internos. Bandido mesmo é o empresário inescrupuloso Max Shreck vivido de forma caricata por Christopher Walken e que manipula o Pinguim, que vira candidato à prefeitura da cidade. O nome do vilão é outra referência expressionista, homenagem ao ator homônimo intérprete do vampiro Conde Orlok em Nosferatu, uma Sinfonia de Horrores (1922), de F. W. Murnau.

O uniforme justinho usado por Pfeiffer, de chicote em mãos, atiçou o imaginário popular. A Vicki Vale de Kim Bassinger, do filme anterior, não aparece: estávamos longe de ter franquias previamente planejadas e coerentes. Michael Gough, sempre excelente, e Pat Hingle, reviveram respectivamente o Mordomo Alfred e o Comissário Gordon.
Com média de 80% de aprovação da crítica no Rotten Tomatoes, o longa chegou a pouco mais de US$ 260 milhões em bilheteria mundial. Sucesso, mas aquém daquele previsto pela Warner, que considerou o tom do filme dark e sensual demais.
O cineasta seguiria uma carreira de sucesso revisitando temas e visual. Mas para o terceiro longa da franquia assinaria apenas como produtor. E a direção ficaria a cargo de Joel Schumacher. Maus tempos aguardavam o Cavaleiro das Trevas: vieram Batman Eternamente (1995) e o infame Batman & Robin (1997). A influência dos dois filmes de Burton, porém, é inegável e ecoou fortemente na clássica Batman: A Série Animnada produzida por Bruce Timm e até na trilogia de Christopher Nolan iniciada em 2005.
Batman, o Retorno
Batman Returns
1992. Estados Unidos.
Direção: Tim Burton.
Com Michael Keaton, Michelle Pfeiffer, Danny DeVito, Christopher Walken, Michael Gough, Pat Hingle.
126 minutos.







