Por WALDEMAR LOPES
- Abra suas asas, solte suas feras!
- O que será que será?
- Ah, se já perdemos a noção das horas…
- E o mel desses olhos luz, mel de cor ímpar…
- Uma tigresa de unhas negras e íris cor de mel…
- É a luz, é o sol, é a luz de Tieta!
- Eu nasci assim, eu cresci assim, e sou mesmo assim, vou ser sempre assim… Sonia Braga!
Sete canções antológicas que acendem a imagem dessa estrela reluzente em nossas mentes e corações!
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Símbolo de beleza e sensualidade, Sonia Braga completou 70 joviais aninhos, cinquenta e seis dos quais dedicados à arte de representar.
Nascida em Maringá, no Paraná, em 8 de junho de 1950, desceu uma escadaria no programa infantil Jardim Encantado em 1964 e nunca mais parou.
Foi a fadinha do Ronnie Von aos 16 anos e explodiu no musical Hair em 1969. Depois de uma série de participações em filmes – incluindo “um fotograma” em O Bandido da Luz Vermelha, ela teve seu primeiro sucesso como a protagonista de A Moreninha, lindo e raro musical de Glauco Mirko Laurelli.
Soninha é atriz das telas, não dos palcos. Sua carreira deslanchou na TV e no cinema simultaneamente. Vila Sésamo (1972) foi um programa infantil que marcou a história da Sonia e da TV brasileira.
Os momentos de maior êxito na telinha foram nos anos 70, Gabriela – que a levou a desfilar em carro aberto em Portugal, e Dancin’ Days, arrebentando nas interpretações e ditando moda.
No cinema conseguiu uma indicação para o Bafta (o Oscar inglês) – a única para uma artista brasileira até hoje – com a sua perfeita atuação em Dona Flor e Seus Dois Maridos (1976), de Bruno Barreto. Por trinta e dois anos, este foi o campeão de bilheteria brasileiro. Em 1978 emplacou o segundo lugar com A Dama do Lotação, de Neville de Almeida. Colecionou sucessos como o ótimo Eu Te Amo (1981) de Arnaldo Jabor e Gabriela (1983), de Bruno Barreto, até ter as portas abertas para Hollywood com O Beijo da Mulher-Aranha (1985), de Hector Babenco. Seu sucesso foi tão grande que até teve sua primeira – entre três – indicações ao Globo de Ouro.
Mas enquanto as portas dos Estados Unidos se abriam para ela, as do Brasil se fechavam. Não mais recebeu convites para aqui trabalhar. Sonia faz questão de dizer que não abandonou o Brasil. Foram os diretores brasileiros que não a convidavam.
Nos Estados Unidos, Sonia manteve uma carreira formidável, sempre trabalhando. Foi dirigida por Robert Redford no sensível Rebelião em Milagro (1988) e por Paul Mazurski no delicioso Luar Sobre Parador (segunda indicação ao Globo de Ouro). Fez sua primeira vilã em Hollywood em Rookie, um Profissional do Perigo (1991), dirigida por Clint Eastwood. Wow!
Em 1996, Sonia retornou ao Brasil para filmar o alegre Tieta do Agreste, de Cacá Diegues, na retomada do cinema nacional. Mais uma interpretação incrível de Sonia, sob o fundo musical da contagiante música de Caetano Veloso.
Mas a carreira continuou sólida em solo americano. Sonia tem títulos excelentes em sua ilustre filmografia como: Amazonas em Chamas de John Frankenheimer, que lhe rendeu a terceira indicação ao Globo de Ouro e outra para o Emmy primetime, Morte Dupla de Nicholas Roeg, A Última Prostituta, As Ruas de Laredo, Rooster, Olhar de Anjo (na Netflix), Baila Comigo, Testosterona, O Vinho do Verão e voltou ao protagonismo dando um show em Mamãe Casamenteira, com timing de comédia perfeito.
Na TV americana, Sonia fez uma série de participações muito especiais – The Bill Cosby Show, Tales from the Crypt, Sex and the City – seu maior sucesso, Alias, Ghost Whisperer, Brothers and Sisters e Luke Cage da Marvel (na Netflix). Nesse tempo todo, Sonia colecionou amores, amigos e sempre teve um comportamento engajado, lutando pelos direitos autorais e pela democracia.
Somente 20 anos após Tieta é que Sonia recebeu um convite do prestigiado diretor Kleber Mendonça Filho para ser a grande estrela de Aquarius.
Sonia, em magnífica atuação, voltou a brilhar intensamente no Festival de Cannes em 2016 e recebeu uma chuva de prêmios como melhor atriz: o San Diego Critics Award, o Platino e dos Festivais de Biarritz e Havana, entre muitos.
Voltou em grande estilo em 2019 com o hipnotizante Bacurau, que ganhou o grande prêmio do júri no Festival de Cannes e conquistou o público e crítica no Brasil, e em 2020 também nos Estados Unidos, em plena pandemia. Oscar à vista? Tomara.
Com mais dois filmes saindo do forno, The Jesus Rolls e Fátima, Sonia Braga continua, à maneira de Dona Flor, firme e forte com os seus dois amores: a telinha e a telona. O público acompanha sua Imperatriz fielmente, e deseja que muitos mais filmes, séries e prêmios venham ao seu encontro.
Parabéns pelos 70, Soninha, e que a luz de Tieta continue iluminando você. Saúde, paz, amor!
WALDEMAR LOPES é artista plástico, engenheiro mecânico, professor, cinéfilo. Anualmente realiza em Santos uma palestra beneficente sobre o Oscar, que se tornou tradicional na cidade. Também já realizou encontros sobre cinema para a Universidade Católica de Santos, Universidade Monte Serrat, Secretaria de Cultura de Santos e Rotary. Escreve para o CineZen e o 50 Anos de Cinema. Cedeu seus acervos pessoais para exposições no Santos Film Fest – Festival Internacional de Cinema de Santos sobre Julie Andrews e Sonia Braga, atrizes das quais é o maior especialista no Brasil.
Histórias do Cinema, por André Azenha 