Por ANDRÉ AZENHA
Em 2016 Bob Dylan foi reconhecido com o Prêmio Nobel de Literatura – ele não foi receber o prêmio na cerimônia. A escolha da Academia Sueca causou polêmica. Ele é compositor ou escritor? Mais que isso, Robert Allen Zimmerman é um artista complexo, que passeia entre diversas artes, inclusive as visuais. E cuja trajetória rendeu filmes que são verdadeiras pérolas. A seguir, alguns dessas obras registram não só momentos da carreira do músico, mas eternizam momentos cruciais da cultura do século XX.
Festival! Newport Folk Festival (1963-1966)

A obra de Murray Lerner sintetiza quatro edições do Newport Folk Festival e retrata um período crucial na evolução do folk. São 44 canções de artistas lendários, incluindo a famosa vaia da plateia contra as guitarras elétricas de Dylan. As performances incluem ainda Joan Baez, Peter, Paul and Mary, Son House, Pete Seeger e até Johnny Cash. Uma verdadeira celebração da boa música.
Dylan Speaks – The Legendary 1965 Press Conference in San Francisco (1965)

Dylan eletrificou seu som em 1965. E no mesmo ano deu a até então única coletiva de imprensa de sua carreira. Não há música nesse DVD, mas 50 minutos em que o artista destila toda sua habilidade em manipular a própria imagem, mentir e ironizar num clima tenso em que a “plateia”, hipnotizada, contava com figuras como o crítico musical Ralph Gleason e o poeta beat Allen Ginsberg.
Don’t Look Back (1967)

“Uma banda de covers”. Assim Dylan definiu os Stones quando foi apresentado a Brian Jones. O flagra dá ideia de como o famoso documentário de D. A. Pennebaker deixa Dylan nu. Um dos mais importantes filmes do rock, acompanha os bastidores da tour inglesa de 1965, último suspiro do folk, revelando sua intimidade, ensaios fechados e contraditória personalidade.
No Direction Home (2005)

Trata-se da biografia definitiva de Dylan? Muito provável. Dirigida pelo mestre Martin Scorsese, compila material de arquivo e entrevistas com o próprio músico, Joan Baez e outros para captar com magnitude o período entre a chegada de Bob a Nova York em 1961, até o misterioso acidente de carro, que o fez sumir de cena em 1966. Fã declarado, Scorsese é amigo do cantor há 30 anos, desde que o filmou em The Last Waltz.
Uma Garota Irresistível (2006)

Factory Girl, no original, traz Sienna Miller na pele da polêmica modelo Edie Sedgwick, que foi amante de Andy Warhol e trocou o artista plástico por Bob Dylan, interpretado no filme por Hayden Christensen. Na verdade, Dylan é chamado de “o músico” ao longo da projeção. O intuito dos produtores e roteiristas, provavelmente, foi evitar algum processo contra o filme.
Não Estou Lá (2007)

O filme de Todd Haynes é uma experiência cinematográfica interessante e cai como uma luva como versão para a telona da vida (ou das vidas – e lendas) contraditória e intensa de Bob Dylan. Apresenta diversos atores famosos interpretando diferentes fases do artista: o falecido Heath Ledger, Christian Bale, Richard Gere e até Cate Blanchett que, para muitos, tem a melhor atuação e foi indicada ao Oscar de atriz coadjuvante pelo papel.
Rolling Thunder Revue: A Bob Dylan Story (2019)

Excelente documentário de arquivo novamente sob a mente e a genialidade de Martin Scorsese. Acompanha a lendária turnê que Dylan fez em 1975, com diversas imagens nunca vistas.
ANDRÉ AZENHA é crítico de cinema, jornalista, produtor cultural, pesquisador, curador, assessor de imprensa. Mestre em Audiovisual pela Universidade Anhembi Morumbi. Bacharel em Comunicação Social/Jornalismo pela Universidade Católica de Santos. Editor dos sites Histórias do Cinema e CineZen Cultural, criado em 2009. Colaborou com críticas semanais nos jornais Expresso Popular e quinzenais no jornal A Tribuna. Colabora semanalmente com a Rádio Santos FM. Escreveu entre 2012 e 2017 para o blog Espaço de Cinema no G1 Santos. Criador e coordenador do Santos Film Fest – Festival Internacional de Filmes de Santos (maior festival de cinema do litoral paulista), CulturalMente Santista – Fórum Cultural de Santos, Nerd Cine Fest e PalafitaCon. Autor do livro Histórias: Batman e Superman no Cinema. Realizou 102 sessões de um projeto de cinema itinerante em bairros com situação de vulnerabilidade. Escreveu sobre cinema para sites, jornais e revistas de Santos, São Paulo, Rio de Janeiro, Recife, Limeira e Maceió. Ministra cursos, oficinas a palestras sobre história do cinema, crítica de cinema e jornalismo cultural em locais como Sesc Santos, Sesc Belenzinho, Instituto HQ (São Paulo), ETEC Aristóteles Ferreira, Open House Idiomas, UniSantos, Unimonte, Unisanta, Liceu Santista, entre outros. Participou dos livros 100 filmes essenciais do cinema brasileiro e 100 documentários brasileiros, editados pela Abraccine – Associação Brasileira dos Críticos de Cinema. Organizou e produziu exposições sobre Sonia Braga, Julia Andrews, Batman, Superman, Star Wars, cinema infantil.