Quando os anos 50 começaram, a DC Comics planejou ampliar a presença do Super na mídia. Sucesso na rádio e no cinema, faltava a televisão, o mais novo e popular meio de entretenimento da América. A editora convidou o produtor de rádio Robert Maxwell para uma primeira temporada de 26 episódios. Porém, antes de aparecer na telinha, o novo homem de aço ganharia um filme de 58 minutos lançado nos cinemas, uma espécie de teste para o seriado vindouro: Superman and The Mole Man (1951) – no Brasil Superman e os Homens Toupeira ou Superman e o Homem Verruga. Nele, o herói é encarnado por George Reeves, ator forte, talentoso, um dos irmãos Tarlenton de …E o Vento Levou (1939).
O longa, orçado em US$ 275 mil e rodado em apenas doze dias, tem direção de Lee Sholem (que fez filmes do Tarzan) e leva Clark Kent (George Reeves) e Lois Lane (Phyllis Coates) a uma cidadezinha chamada Silsby, onde farão uma reportagem sobre a perfuração de um poço de petróleo. A máquina de perfuração acorda uma raça de seres pequenos, que estavam dormentes no subterrâneo e, pelo eixo, passam a observar a superfície. Os pequenos seres são peludos, carecas e quando tocam algum objeto o deixam brilhante. A população se assusta e tenta eliminar os “monstros”.

A alegoria para o medo do desconhecido, dos diferentes, posteriormente também bem abordada em quadrinhos e filmes dos X-Men, foi comparada pelo autor Gary Grossman, no livro Superman: From Serial to Cereal, ao pânico das pessoas ante o alienígena Klaatu de O Dia em que a Terra Parou, lançado no mesmo ano. Ambos os filmes podem ser compreendidos como metáforas do red scare, o medo do comunismo.
Apesar do filme, a série só conseguiu um patrocinador em 1952: a Kellogs (daí o título do livro de Grossman). E o êxito foi rápido. Tanto que Reeves é, para as pessoas daquela geração, o Superman definitivo. Vale notar que seu Clark Kent não era desastrado nem inseguro. Pelo contrário: um jornalista determinado.

Superman and The Mole Man virou um episódio duplo no programa de TV intitulado “The Unknown People” (O Povo Desconhecido), com algumas alterações em relação ao longa – cortaram, por exemplo, todas as citações ao termo “mole man”.
O seriado durou até 1958. Em 16 de junho de 1959, Reeves foi encontrado morto por um tiro, e a polícia supôs tratar-se de suicídio. Contudo, há quem diga que o astro foi assassinado a mando de um todo-poderoso de Hollywood, cuja esposa teria caso com o ator. Tudo isso é retratado no filme Hollywoodland – Bastidores da Fama (2006), com Ben Affleck no papel principal.
Pois é, Affleck vestiu o famoso uniforme azul no cinema, três anos depois de viver o Demolidor num filme bastante questionado e dez anos antes de ser o Cavaleiro das Trevas em Batman V. Superman.
Superman and Mole Man integra a lata de DVDs em homenagem ao personagem lançada no Brasil em 2006 e também está no box da série dividido em dois episódios.

