Faleceu neste domingo, 26, aos 104 anos, Olivia de Havilland. A atriz morreu de causas naturais, dentro de sua residência em Paris, onde morava desde 1953.
Dame Olivia Mary De Havilland nasceu em Tóquio em 1.º de julho de 1916. A mãe inglesa era atriz de teatro que foi visitar o irmão na capital japonesa.
Conheceu um amigo dele, filho de um reverendo britânico. Casaram-se e tiveram as filhas Olivia e Joan, ambas nascidas na terra do sol nascente.
Olivia tinha a saúde frágil – a mãe convenceu o marido a voltar à Inglaterra. Pararam na Califórnia, onde o clima era bom para a filha, mas o filho do reverendo abandonou a família, preferindo retornar ao Japão, e à amante gueixa.

Sua estreia nos cinemas foi em uma adaptação de 1935 do clássico de Shakespeare Sonho de Uma Noite de Verão, dirigido por Max Reinhardt.
Teve frutífera parceria o astro Errol Flynn, co-estrelando com ele oito filmes, sendo o mais notório As Aventuras de Robin Hood (The Adventures of Robin Hood, 1938), um dos maiores clássicos dentre os filmes de aventura.

Qual era a possibilidade de duas irmãs que se detestavam – ao que consta por um incidente de infância, quando Olivia, a mais velha, rasgou o vestido de Joan – pudessem virar grandes estrelas de Hollywood? Não só tornaram-se estrelas como venceram o Oscar, sendo que Olivia levou a estatueta duas vezes. Ela manteve o nome da família, Joan adotou o do segundo marido da mãe e virou Joan Fontaine.
Joan recebeu o Oscar de melhor atriz de 1941 por Suspeita, o clássico de Alfred Hitchcock, derrotando Olivia, que concorreu com ela por A Porta de Ouro/Hold Back the Dawn.
Naturalizada norte-americana, Olivia venceu em 1947 e 50, por Só Resta Uma Lágrima/To Each His Own e Tarde Demais/The Heiress. Mitchell Leisen, que a dirigiu em A Porta de Ouro, foi o mesmo de Só Resta Uma Lágrima. Sobre a rivalidade com a irmã, que se tornou lendária em Hollywwod, Joan teria dito: “Ela me odeia porque sou a primeira em tudo. Casei-me primeiro, ganhei o Oscar primeiro, provavelmente vou morrer primeiro”. E morreu – em 2013, aos 96 anos. Olivia continuou.
Na televisão, Olivia também trabalhou na minissérie de 1976 Roots: The Next Generation.
Olivia fez poucas aparições públicas após se aposentar, mas retornou a Hollywood em 2003 para participar da 75ª edição dos Oscar.
Em 2008, recebeu do então presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, a Medalha Nacional pelas Artes. No ano seguinte, narrou o documentário Alzheimer.
Teve dois filhos, Benjamin, de seu primeiro casamento com o escritor Marcus Goodrich e Giselle, com seu segundo marido, o jornalista Pierre Galante.
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Em 2017, processou os produtores da série de TV Feud porque não gostou da forma como foi retratada A trama é sobre a famosa rivalidade entre Joan Crawford e Bette Davis, mas ela perdeu essa disputa.
Não era novata nos meandros da justiça, uma vez que foi uma das primeiras a desafiar e derrotar o todo-poderoso sistema dos grandes estúdios pelas abusivas condições trabalhistas às quais estavam submetidos os artistas da Hollywood clássica.
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O prestígio da indicação ao Oscar e a popularidade de … E O Vento Levou não deram a Havilland os tipos de papéis que ela queria. Ela costumava recusar as peças que a Warner Bros. oferecia, o que resultou em várias suspensões pelo estúdio. Foi indicada ao Oscar de atriz coadjuvante pelo papel, mas perdeu a estatueta para Hattie MacDaniel, a primeira mulher negra a vencer o prêmio.
Em 1943, Havilland declarou que seu contrato de sete anos com a Warner havia expirado. No entanto, estúdio disse que ainda a estrela lhes devia os seis meses que passou em suspensão. De Havilland venceu no tribunal, enfraquecendo o domínio dos grandes estúdios sobre os atores, limitando os contratos dos atores a sete anos, independentemente do tempo de suspensão. Enfrentar um estúdio poderoso foi uma jogada arriscada na carreira e ela não fez filmes por três anos.
Em 2019, para mostrar que ainda estava em forma, passeou de bicicleta para comemorar os 103 anos.