Por CLAUDIO ROBERTO BASÍLIO
Hoje o relançamento de histórias em quadrinhos antigas em diversos formatos (encadernados de capa dura ou cartão, omnibus e até mesmo por meios digitais) é a coisa mais comum do mundo, mas nos anos oitenta a Marvel e a DC ainda estavam engatinhando nesse sentido.
| X-MEN: O FILME inaugurou nova era dos super-heróis no cinema
O esquema de republicação de uma determinada fase de um herói/grupo ou de uma minissérie em uma única edição somente se estabeleceu de forma definitiva graças a dois fatores: a consolidação do chamado Mercado Direto dos Quadrinhos e o sucesso avassalador dos relançamentos em encadernados de Watchmen e O Cavaleiro das Trevas na segunda metade dos anos oitenta.

Antes disso só havia duas maneira do jovem e ávido fã ter acesso a aventuras antigas dos seus personagens favoritos: ou ele corria atrás do de gibis velhos e usados em comic shops ou então rezava para as editoras reimprimirem elas em novas edições simples. E por acaso do Destino foi isso que aconteceu com os X-Men!
Em 1986 o gibi dos pupilos do Professor Xavier era o best-seller do mercado e havia uma geração de leitores que não viu em 1975 o surgimento da segunda geração X-Men, que tinha heróis como Wolverine, Noturno, Tempestade e Colossus. Para atender esta demanda, em 1986 a Marvel botou na praça Classic X-Men, revistinha que trazia essas aventuras antigas dos mutantes, mas… apenas reimprimir estas aventuras não era o suficiente.
Além de novas capas (criadas por artistas como Arthur Adams, Steve Lightle, Kerry Gammill, Mike Mignola e muitos outros), Classic X-Men trazia sempre histórias curtas, que visavam dar mais sentido e completude para a história principal antiga.

Inicialmente elas eram produzidas por Chris Claremont e pelo genial desenhista britânico John Bolton. Porém, com o passar do tempo outros artistas participaram da festa, como Rick Leonardi, Ann Nocenti, Kyle Baker, Jim Fern. Aliás, foi justamente em uma dessas histórias curtas que o tal do Jim Lee (você o conhece, né?) fez a sua estreia no Universo Mutante!
Todavia… Chris Claremont (o grande responsável pelo sucesso dos X-Men) era um cara meio chato e perfeccionista, e a aproveitou a “deixa” de Classic X-Men para modificar as antigas histórias dos mutantes, reescrevendo vários dos diálogos originais e, muitas vezes, solicitando o acréscimo de novas páginas a elas.
E aí somos obrigados a falar de X-Men Classic Omnibus, um tijolo que, além de colecionar as histórias curtas originalmente publicadas em Classic X-Men, também destrincha todas as modificações feitas por Claremont e companhia nas aventuras setentistas dos mutantes. Não é aquela leitura “fundamental”, mas é um item muito interessante (e eu diria até obrigatório!) se você é fanático pelos personagens.


CLAUDIO ROBERTO BASÍLIO é analista de sistemas nas horas vagas e colecionador de quadrinhos em tempo integral, ainda encontra um tempo para participar da organização da Santos Comic Expo, principal de quadrinhos do Litoral Paulista.