O produtor, diretor e ator Paulo Betti concluiu a temporada de seu espetáculo solo Autobiografa Autorizada nesta sexta, 14 de agosto.
Em exibição online no Teatro PetraGold, a obra foi vista por mais de 2 mil pessoas nesse período de distanciamento social. “Tem sido como respirar por aparelhos. É o que podemos fazer no momento e é o mais parecido com teatro porque é num teatro, ao vivo, na hora e online. Tem uma pessoa assistindo, eu faço para essa pessoa e tem três câmeras. No primeiro dia, me estranhou, me emocionei muito porque era desolador olhava e não tinha ninguém, só tinha aquela pessoa”, ressalta o artista.
Nesta versão online, um espectador era escolhido e assistia à apresentação na plateia, representando todo o público.
Autobiografia Autorizada trata-se de monólogo caprichado com iluminação, figurino, trilha sonora, cenário e belas projeções escrito e protagonizado por Paulo Betti, dirigido por ele e por Rafael Ponzi.
A montagem passou, em sua versão original presencial, pelas cidades de Sorocaba, São Carlos, Jundiaí, Araraquara, Piracicaba, Paulínia, Fortaleza, Uberlândia, Brasília, Luanda (Africa), Niterói, uma nova temporada em 2015 na Sala Chiquinho Brandão, Casa da Gávea e no Teatro Glauce Rocha/RJ, Manaus, Belém, Goiânia, Salvador, Florianópolis, Porto Alegre e João Pessoa, além de Portugal, turnê que acabou paralisada com a pandemia do coronavírus.
O espetáculo (o último foi Deus da Carnificina) marca a comemoração dos 40 anos de carreira de Paulo e foi construído pelo próprio artista, que se inspirou nos textos escritos em grandes blocos durante a adolescência, onde também fazia colagens de fatos da época, e também nos artigos semanais que escreveu por quase trinta anos para o Jornal Cruzeiro do Sul, de Sorocaba, cidade onde foi criado. A peça recebeu unanimidade de críticas positivas e indicação ao prêmio Shell de melhor texto em 2015 e foi finalista do Prêmio Faz Diferença (O Globo).
Inspirada pela inusitada história de superação de Paulo, percorre o trajeto riquíssimo da roça a cidade, contando um pouco da Imigração Italiana no Brasil. Paulo Betti (62 anos) saiu do mundo rural onde o avô, um imigrante italiano, trabalhava a meia para um fazendeiro negro. Filho de uma camponesa analfabeta, que mudou para a cidade onde foi empregada, mãe de 15 filhos (Paulo é o décimo quinto, temporão, dez anos de diferença de seu irmão mais novo). Seu pai era esquizofrênico. Apesar disso, estudou em boas escolas, cursou um Ginásio Industrial em tempo integral, se formou pela Escola de Arte Dramática da USP e foi professor na Unicamp.
O testemunho do ator, autor e diretor, que vai representa pai, mãe, avó e muitos outros personagens da própria vida, leva ao público uma peça divertida e emocionante.
Veja essa entrevista que ele nos concedeu em vídeo na qual fala do monólogo e também do filme A Fera na Selva, no qual foi produtor, diretor e roteirista.