Oscar 2021 | Nomadland e Minari: jornadas intensas por duas Américas desconhecidas

Por Marcelo Reis

Dois filmes. Duas histórias. Duas Américas.

A primeira, uma América utópica, com imigrantes em busca de um futuro melhor através do olhar de um pai sonhador e persistente e de sua família (Minari) que vai perceber, a duras penas, que mesmo fora de sua terra natal (a Coréia), encontrará dificuldades pelo caminho.

A segunda, uma América quebrada, com uma mulher (professora aposentada que fica viúva) e de tantas outras pessoas que, de uma hora para outra, ficam à margem da sociedade, após o fechamento de uma fábrica que empregava boa parte da população de uma pequena cidade. Algumas dessas pessoas resolvem morar em trailers e ir percorrendo o país em busca de emprego (muitas vezes temporário) e o mínimo de condições de vida, num EUA sem glamour. Uma América que não estamos muito acostumados a ver na tela. Isso é Nomadland, que mostra uma América atípica aos nossos olhos e, por isso mesmo, tão real, com pessoas invisíveis, sem teto e sem estabilidade.

Frances McDormand em Nomadland.

Duas visões muito impactantes, sinceras e com olhares apurados sobre o que é viver, ou melhor, sobreviver nos EUA. Uma América desglamourizada e crua.

Esse ano, dos oito indicados ao Oscar de melhor filme, Nomadland e Minari tomaram meu coração por tantos motivos.

.Isaac Lee Chung, diretor e roteirista de Minari, nasceu em Denver, Colorado (EUA), mas é filho de imigrantes coreanos. Seu filme tem muito de pessoal, de introspectivo e comovente.

Steven Yeun e Yeri Han em Minari.

Quanto às apostas pela estatueta dourada, acredito que Nomadland vá vencer os prêmios de melhor Filme e Direção, pois tem uma mensagem mais universal. A diretora chinesa, Chloé Zhao, com seu olhar de fora é certeira em retratar como é viver nos EUA em crise financeira e humanitária, com pessoas em busca de seu lugar no mundo. Com ecos de Ironweed, do talentoso e falecido cineasta argentino e de coração brasileiro, Hector Babenco, a personagem de Frances McDormand tem o seu livre-arbítrio em sua jornada. E que jornada!

Além de McDormand (que se despe de qualquer tipo de vaidade para o papel), apenas David Strathairn é ator profissional em cena. O resto do elenco é formado por pessoas comuns contando suas histórias, seus dramas e interagindo com a protagonista.

Esse misto de ficção com documentário dá um tom mais verdadeiro e dramático à narrativa.

Tanto Nomadland quanto Minari são filmes para se ver, rever, refletir, se emocionar e torcer na premiação mais importante do Cinema, o Oscar.

Marcelo Reis nasceu no finalzinho dos anos 70, É jornalista por formação, assistente administrativo por ocupação e cinéfilo de coração. Apaixonado por cinema desde os 13 anos (quando uma cirurgia o obrigou a ficar 6 meses de cama), tem um carinho todo especial por musicais, dramas, comédias românticas (Harry & Sally – Feitos um para o Outro é sua favorita), romances e filmes do Woody Allen. Quase sempre, se identifica do lado de cá com algum(a) personagem da telona ou da telinha. É colaborador do Histórias do Cinema e tem experiência de produção no Santos Film Fest – Festival Internacional de Cinema de Santos.

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